terça-feira, 15 de abril de 2014

Ataques terroristas matam 71 na capital da Nigéria: Explosões em terminal rodoviário próximo a Abuja deixaram 124 feridos

Atentados foram os primeiros na cidade em dois anos; suspeitas recaem sobre o grupo islamita Boko Haram
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Duas explosões deixaram 71 mortos e 124 feridos em um terminal rodoviário perto de Abuja, capital da Nigéria, na manhã de ontem.
As explosões aconteceram no terminal de Nyanya e atingiram vários ônibus e lojas.
Os ataques foram os primeiros na capital em dois anos.
As suspeitas do atentado recaem sobre o grupo extremista islâmico Boko Haram, que atua principalmente no nordeste do país. Até a conclusão desta edição, porém, nenhum grupo havia reivindicado o atentado.
Segundo Charles Otegbade, diretor das operações de busca e resgate, uma das explosões teve origem em um veículo estacionado dentro do terminal rodoviário.
O atentado aconteceu em um horário de muito movimento, no qual as pessoas passam pelo terminal para seguir para o trabalho em Abuja, afirmou o porta-voz da agência nacional dos serviços de emergência, Manzo Ezekiel.
"Eu esperava para entrar em um ônibus quando ouvi uma explosão ensurdecedora e, então, vi fumaça", disse Mimi Daniels, que sobreviveu ao atentado.
O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, esteve no local após o ataque e prometeu acabar com a insurreição do grupo islamita.
"O Boko Haram é uma página negra na história de nosso desenvolvimento, mas vamos virar essa página", disse.
A polícia disse que seus órgãos estavam em "alerta vermelho" e exortou os nigerianos a ajudar na investigação para encontrar os assassinos.
"De certa forma, não é uma grande surpresa", disse Kole Shettima, diretor do escritório de Abuja da Fundação MacArthur, uma instituição de caridade dos EUA. "A situação está cada vez pior."
ESTADO ISLÂMICO
Os terroristas do Boko Haram lutam para estabelecer um Estado islâmico na região nordeste nigeriana. Nos últimos meses, o grupo intensificou os ataques a alvos civis, a quem acusam de colaborar com as forças de segurança e com o governo.
Há duas semanas, 20 membros do grupo morreram em confronto contra o Exército quando tentavam escapar de uma prisão em Abuja. No domingo, ataques do Boko Haram deixaram pelo menos 98 mortos na Nigéria.
Folha, 15.04.2014
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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Negócios com a Guiné Equatorial ajudam a perpetuar poder repressivo de Obiang Nguema


Numa investigação publicada em 2013, académica espanhola denuncia o "despotismo predador da família Nguema", acusada de lucrar com os ganhos do petróleo em detrimento da população. Empresa estatal deste país está prestes a entrar no capital do Banif.
Teodoro Obiang Nguema é o chefe de Estado há mais tempo no poder em África NATALIA KOLESNIKOVA/AFP

A petrolífera estatal da Guiné Equatorial GEPetrol é, segundo o Diário Económico, uma das duas empresas através das quais a ex-colónia espanhola – que quer juntar-se à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – deverá entrar no aumento de capital do Banif. A outra é a empresa nacional de gás, que o jornal refere como Enagás, mas que poderá ser a Sonagás.
Pouco se fica a saber sobre a GEPetrol, na sua página na Internet, onde não constam documentos ou relatórios e contas (dando nota dos seus investimentos e participações, por exemplo), mas onde a empresa se apresenta, desde a sua criação, em 2001, como um “elemento-chave  para o desenvolvimento do país”. A gestão que faz dos recursos petrolíferos do país tem como objectivo o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), estabelecidos pela ONU, lê-se no site, sendo a prioridade a erradicação total da pobreza no país.
A Guiné Equatorial é um dos países menos desenvolvidos do mundo, onde a esperança de vida é de 51 anos, as escolas e os hospitais, além de serem muito poucos, são pobres, e onde a Internet – uma janela para o mundo, de dentro de um país sem informação livre – só chega a quem tem luz e, mesmo aqui, os cortes são constantes. E assim permanece, mesmo depois das primeiras descobertas de petróleo, em meados dos anos 1990.
O país é rico – mas apenas no indicador que mede o Produto Interno Brutoper capita. E é também por causa da riqueza e crescimento, graças ao petróleo, que apresenta a mais alta discrepância entre rendimento e desenvolvimento. Em 2011, estava no 45.º lugar no ranking de PIB per capita, mas apenas em 136.º no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano numa lista de 187 países da ONU.
Vazio de informação
É um país, em grande parte, sem as estatísticas que são conhecidas em muitos outros. Na Guiné Equatorial, não é possível saber a taxa de mortalidade infantil ou o número de óbitos nos hospitais. Esse vazio de informação permite ocultar o que a académica espanhola Alicia Campos-Serrano, da Universidade Autónoma de Madrid, considera ser a diferença entre os que vivem com “a escassez e a degradação dos serviços públicos” e aqueles que “beneficiam dos lucros gerados pelo petróleo”, num artigo integrado em 2013 nas publicações dos Cambridge Journals.

“Muitos dos benefícios da indústria extractiva estão a ser acumulados longe do país, não só pelas companhias estrangeiras, mas também por pessoas que ocupam cargos do Governo”, denuncia, embora reconhecendo que, nos últimos anos, alguns ganhos tenham começado a ser investidos no país. E acrescenta: “O Presidente Obiang Nguema e os seus familiares constituem os principais intermediários entre os grupos económicos estrangeiros e o território do Estado.” E expõe uma situação em que parte dos ganhos – dos pagamentos devidos às empresas estatais de gás e de petróleo (GEPetrol) nos contratos assinados – acaba por ser depositada “em contas bancárias no estrangeiro em nome de altos responsáveis [do Governo] com a necessária cooperação das empresas”.
Alicia Campos-Serrano apoia-se na investigação ao Riggs Bank nos Estados Unidos, conduzida pelo Senado norte-americano, que, em 2004, revelou que a família de Obiang tinha recebido, a título pessoal, pagamentos de companhias petrolíferas norte-americanas como a Exxon Mobil ou a Amerada Hess. Mas não só. Além desta realidade, acrescenta a investigadora, que fala em “despotismo predador da família Nguema”, a acumulação de riqueza “por parte da elite política toma forma também através do controlo de empresas nacionais, como a GEPetrol ou a Sonagas”.
A pouca informação existente é, porém, suficiente para perceber que o boom do petróleo teve impacto nos indicadores macroeconómicos, mas não nas condições de vida da população, acrescentava em 2013 esta professora e autora de vários estudos sobre petróleo em África em países como a Guiné Equatorial. E dizia que, depois da descoberta de petróleo, o clã Nguema formou uma rede de importantes parceiros – desde empresas a governos estrangeiros – que contribuíram para manter “a lógica de domínio político” assente na repressão.
Acusações de corrupção
Neste país, com uma parte continental (entre os Camarões e o Gabão) e duas ilhas, Bioko e Annabon, as pessoas vivem com medo de falar, ou de se manifestar, dizem opositores e críticos que acabam por escolher o caminho do exílio.

As prisões e a tortura de opositores do regime são frequentes, tal como é regular a realização de eleições. Mas estas apenas servem para perpetuar o poder de Obiang, com vitórias acima dos 98% com o seu Partido Democrático da Guiné Equatorial. Este controla 99 dos 100 lugares no Parlamento.
Fonte: http://www.publico.pt/economia/noticia/negocios-com-a-guineequatorial-ajudam-a-perpetuar-poder-repressivo-de-obiang-nguema-1622654


terça-feira, 8 de abril de 2014

Ruanda exclui França de evento sobre os 20 anos de genocídio: Franceses são acusados de ter colaborado em matança de 1994

DA AFP
O embaixador da França em Ruanda disse ontem que foi excluído das cerimônias de recordação dos 20 anos do genocídio, em meio a uma controvérsia sobre o papel francês na tragédia de 1994.
"Ontem (domingo) à noite, o ministério ruandês das Relações Exteriores telefonou para informar que eu não estava credenciado para as cerimônias", disse o embaixador, Michel Flesch.
A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, cancelou a viagem prevista para participar nas cerimônias, depois que o presidente de Ruanda, Paul Kagame, voltou a acusar a França de ter desempenhado um "papel direto na preparação do genocídio" e de ter "participado em sua execução".
A França, aliada do governo nacionalista hutu antes de 1994, sempre negou qualquer cumplicidade no genocídio que matou aproximadamente 800 mil pessoas em 100 dias, grande parte da etnia tutsi, minoritária.
A acusação é de que os franceses ajudaram a armar os responsáveis pelos massacres e deram cobertura diplomática ao governo.
A ministra ruandesa das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo, insistiu anteontem em que a França deveria enfrentar "a difícil verdade" por suas ações há duas décadas. "Para que nossos dois países comecem realmente a se entender, devemos enfrentar a verdade. A verdade de ser próximo a qualquer pessoa que esteja associada ao genocídio é difícil de aceitar", declarou.
Folha, 08.04.2014
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terça-feira, 1 de abril de 2014

Como Isabel dos Santos se tornou a primeira bilionária de África

Publicado em 2013-08-14

foto DR
Como Isabel dos Santos se tornou a primeira bilionária de África
Isabel dos Santos


Um trabalho de investigação publicado na revista norte-americana "Forbes" revela que a fortuna de Isabel Santos, a primeira bilionária em África, provém de uma quota de uma empresa que se quer estabelecer em Angola ou de uma assinatura presidencial do pai.
O artigo publicado pela revista "Forbes" é assinado pelo jornalista e ativista angolano, Rafael Marques e por Kerry A. Dolan, uma das coordenadoras da lista anual de bilionários, investiga a fortuna de Isabel Santos, considerada a primeira bilionária em África e a verdadeira história de como conseguiu a sua riqueza.
"Tanto quanto podemos investigar, todos os grandes investimentos angolanos detidos por (Isabel) dos Santos vêm ou de ficar com uma parte de uma empresa que quer fazer negócios no país ou de um assinatura presidencial que a inclui na ação", escreve a "Forbes". Filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos, a história de Isabel é considerada "uma janela rara para a mesma e trágica narrativa cleptocrática que estrangula os países ricos em recursos em todo o mundo".
O artigo, que tem como título "A menina do papá: como uma princesa africana encaixou 3 milhões num país que vive com 2 dólares por dia", analisa o passado da bilionária africana, desde a sua infância, juventude e concentra-se na sua primeira empresa. A revista assegura que falou com "dezenas de pessoas no terreno" e que consultou diversos documentos públicos e privados durante o último ano.
Rui Barata, dono do conhecido restaurante e bar Miami Beach, em Luanda, resolveu propor sociedade a Isabel dos Santos com o objetivo de afastar os inspetores e fiscais governamentais que assediavam o local. Atualmente, dezasseis anos depois, "o restaurante ainda é um local badalado ao fim de semana" e prova que é possível comprar prosperidade desde que se tenha o apelido certo.
O artigo procura perceber como é que Isabel dos Santos detém 24,5% da empresa concessionária da exploração mineira, no norte do país, a Endiama, criada por decreto presidencial. O artigo explora ainda a criação da Ascorp, a empresa que resultou da parceria com israelitas para a venda de diamantes mas que tinha, de acordo com a Forbes, o negociantes de armas Arkady Gaydamak, um antigo conselheiro do presidente angolano durante a guerra civil de 1992 a 2002.
Qvelle: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3372113
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